segunda-feira, 13 de setembro de 2010

AS POLTRONAS QUE MUDARAM A HISTORIA DO SENTAR - PARTE 1


O Design tem as suas sutilezas e particularidades. Uma delas é a de surpreender. As vezes isso ocorre num periodo de extrema efervescencia artistica e cientifica e em em conjunto, designers desenvolvem objetos de uso da mesma categoria tão inovadores que mudam a vida das pessoas. Outras vezes, a supresa acontece em sequencia dentro de um periodo histórico ou simplesmente de forma aleatoria e cada designer aparece com sua contribuição historicamente importante. A supresa muda a função de uso e cria formas inusitadas.

Os 10 modelos que apresentamos nessa primeira parte, foram escolhidos a partir dos critérios da Excluvidade Formal benéfica, pela importancia historica para o Design e principalmente porque mudaram o simples ato de sentar. Todas foram de designers consagrados e que deram novos rumos para os objetos de uso. Em todas elas os principios matematicos da Ergonomia do Sentar foram subvertidos e criados outros. Ousadia e criatividade, mudança da relação forma e função e pelo surgimento de novos paradigmas. Quem senta numa delas percebe que é diferente de qualquer outra, sem perder o conforto jamais! E cada uma tem a especifica função de uso modificada e expandida em outros campos de conforto e surpresa do velho ato de sentar.

1 – Red &Blue, Gerrielt Rietveld (1917) – Ninguem entendeu direito quando essa poltrona surgiu, era diferente de tudo que existira antes. Ainda mais com duas cores fortes, numa epoca em que os moveis – principalmente os de madeira - eram escuros e pesados. O que é isso? perguntavam os incredulos. A Red&Blue era e ainda é esquisitona, fugia e foge de qualquer padrão formal para um objeto de sentar. O usuario não senta simplesmente, ele é levado a isso. È uma experiencia,uma aventura. Com seu alto espaldar vermelho e o cumprido assento azul, a pessoa é atraida por ela. Ela é tão exclusiva que precisa de um grande espaço para ser colocada, pra ser vista e admirada. Não é um objeto imitavel ou que pode ser copiado impunimente. È tão exclusiva do ponto de vista formal, que quase ninguem tem. E até hoje surpreende!

2 - Wassily, Marcel Breuer (1925) – Fruto da epóca aurea da Bauhaus e da tecnologia alemã do aço, a Wassily é estritamente um produto resultante dos principios do Design bauhasianos e da cultura funcionalista.Tecnologia + Função = Wassily, essa é a equação matematica do sentar desse modelo. Nisso resulta num objeto sem forma geometrica definida e perfeita no ato de sentar. É sem nenhuma dúvida a poltrona leve mais confortavel da historia do Design. A ergnomia do sentar deve muito a ela. Quem tem, prova isso. Acompanhando o pensamento de Le Corbusier “é uma maquina de sentar” . Leve, desmontavel, diferente, bonita, “bom Design” para ela é pouco.

3 – Diamond, Henry Bertoia (1950) - O Bertoia foi um designer diferente, um cara que antecipou a era tecnologica que viria décadas depois. Quem se arriscaria a fazer naquela época uma poltrona com malhas de aço? E isso em plena era do após guerra, quando os EUA se preparava para detonar o consumismo, que exigia produtos de uso práticos e baratos para tal. È uma poltrona fruto do experimento e da tecnologia do aço. Por isso mudou a historia do sentar. O estranho furmigamento e atrito das costas e pernas ao contato com a malha de aço, dá uma sensação de massagem e nunca de desconforto. Uma sensação fria e ao mesmo tempo convidativa. E não cansa, apenas surprende, uma sensação nova que se dilue ao colocarmos os braços ao longo de sua superficie curva, perfeita ergonomicamente falando.

4 - Coconut, George Nelson (1955) – Imagine voce sentando numa coisa que parece uma lasca da casca do coco? No minimo, é estranho! Pois é, o G. Nelson conseguiu isso. È uma poltrona estritamente formal e a estrutura que suporta a concha (casca) é apenas um complemento: podia ser qualquer uma. È outro exemplo de poltrona que atraie o usuario, que o leva a sentir a sensação de sentar-se nela. O convite é quase um desafio pela sua forma inusitada. Até hoje a sua estrutura formal é imitada pelos designers, com diferenças sutis nas curvas e pelo uso de outros materiais. O corpo sentado, nela se adere e se funde;os braços se acomodam perfeitamente e as pernas se soltam, liberadas pela sensação de conforto. E a ponta de apoio para a cabeça, contraria os principios funcionais, mas isso é não acontece. A cabeça agradece.

5 - Lounge, Eames(1956) - É considerada a poltrona mais completa da historia do Design de mobiliario. O conforto é tão extremo que se confunde com a sua forma funcional. Parece que se solta aos ventos, é uma especie em extinção, porque é unica. Ainda bem que as que estão espalhadas no mundo pela graça dos usuarios, a respeitam e a conservam como reliquia. O ato de sentar passa a ser um ato de ficar, de se isolar quieto num canto e ler ou ouvir musica com o corpo estirado e os pés apoiados no banco. E se o corpo se mexer, ela acompanha. A Lounge, não tem uma forma geométrica clara e exposta, ela apenas é. Mas a forma é tão inusitada e estranha, que chega a ser bela demais.

6 - Poltrona Mole, Sergio Rodrigues (1957) - O primeiro exemplo brasileiro a ganhar um premio internacional de Design é a poltrona mais desprezada da historia. A midia internacional nega a sua importancia para o ato de sentar. Não aparece nos livros sobre Design, só dá estrangeiro nelas! É uma ignorancia abissal. No entanto, ela não está nem ai. A Mole é realmente o objeto de uso feito para se aboletar, deixar a vida fluir e conversar fiado tomando cerveja com tira-gostos variados. A danada é realmente confortável e o ato de sentar se assemelha ao deitar numa rede, que é o movel mais confortavel do mundo. Ela também não tem uma forma geométrica definida, a forma é o conforto. E não tém também uma forma funcional explicita, são grandes almofadas revestidas em couro, ajeitadas numa estrutura de madeira especial e adequadamente projetada para recebe-las. Tentem sentar nela e verão.

8 - Poltrona Ovo, Arne Jacobsen (1958) - A exclusiva Poltrona Ovo (Egg chair) não é simplesmente uma poltrona como tantas outras, ela é a Poltrona! Tem de tudo: beleza, forma inusitada, apoio que desafia a gravidade e um tipo de conforto de sentar diferente. O usuario não apenas “senta”, ele se envolve com ela. O corpo busca e se adapta nas suas curvas ergonomicas; a cabeça encontra qualquer lugar e encontra o bem estar, enquanto isso os braços já estão bem acomodados junto com o torax e pernas. A pessoa se sente o máximo ao ficar nela, parece que a poltrona é um trono de tão imponente e bela. Em qualquer espaço ela nos atrai e nos convida. E nos mostra que o Design é a Arte do Viver.

9 - Cone Heart ,Verner Panton (1958)- De todas as poltronas aqui mostradas, a Cone Heart é a unica derivada de uma versão anterior. Consequencia do UPDesign Multivariado de Panton, um dos pioneiros que não acreditavam na uniformalidade do modelo de uso. Apesar de ter sido originada da Cone, ela é mais completa. Não só por desafiar a lei da gravidade e parecer suspensa num equilibrio estranho, mas porque o ato de sentar se completa e se espalha. É verdadeiramente um “coração” e reflete isso na emoção de sentar. Entre outras artimanhas o usuario nem sabe onde acomodar os braços, apena fica. A forma é algo arrebatador, o conforto melhor ainda. Estranha, louca, inusitada e pura emoção.

10 - Ball Chair,1963 Eero Aarnio. - É sem duvida a Poltrona mais imitada de todas nessa primeira lista, devido ao seu conceito formal e de uso. A esfera é uma das formas mais utilizadas no mundo e a bola esférica é a base e o meio da maioria dos esportes.Baseado nessa universalidade funcional da esfera, Aarnio teve a ideia de fazer um movel que não fosse apenas para sentar, mas com funções adicionais, como ter uma luz interna para ler, se proteger dos ruidos, girar para atender outra função, ter um autofalante para ouvir música e até uma base para o aparelho telefônico. No fundo ele queria uma poltrona como um “quarto” acolhedor e util. Conseguiu e a Ball é exatamente isso. O usuario “entra” nela e se acomoda, não é apenas um simples ato de sentar. E quem “fica dentro” dela, sabe disso. Depois da Ball surgiram outras variações formais, mas sob o mesmo conceito. Não adianta, ela foi a primeira “poltrona quarto” da historia do Design de uso.

Fonte: http://www.saberdesign.com.br/

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