domingo, 14 de março de 2010

Marilyn Monroe: uma morte assistida pelo psicanalista


Com início de culote, os seios já não tão opulentos, em 1962, um pouco antes de ser 'suicidada', a estrela Marilyn Monroe foi para o hotel 'Bel Air' e passou uma tarde inteira posando para o fotógrafo Bob Stern. Foi o último ensaio da famosa estrela. E enquanto era fotografada, Stern diz que ela consumiu muita bebida e possivelmente, teria tomado outro excitante; afinal era grande a pressão dos agentes do presidente Kennedy para ela sumir do mapa. Há muitos meses que MM vinha frequentando o consultório do psicanalista Ralph Greeson. Agora, sai um livro no Brasil (editora Alfaguara) sobre esse período de análise de Marilyn. No mínimo, falta de ética do profissional.

Em termos práticos, são dois os objetivos da psicanálise: recuperar a capacidade de amar e recuperar a capacidade de trabalhar. Durante 30 meses, de janeiro de 1960 a agosto de 1962, Marilyn Monroe frequentou o consultório do psicanalista Greeson, que foi a última pessoa a vê-la viva e a primeira a vê-la morta. É a história dessa relação que é contada no romance "Marilyn - As últimas sessões", escrito por Michel Schneider, segundo orientação do psicanalista. O autor mesmo psicanalissta, Schneider parece bem equipado para a tarefa, já tendo publicado sérios ensaios sobre Baudelaire e o pianista Glenn Gould - outros dois personagens da psicologia complexa. Mas foi com este livro sobre Marilyn que o autor despontou para a fama internacional, em 2006, quando foi finalista de vários prêmios, incluindo o Goncourt. Embora diversos personagens reais apareçam no livro - Kennedy, Truman Capote, Anna Freud (também?), Frank Sinatra, Arthur Miller -não se esperem revelações de bastidores nem passagens que reforcem o mito de deusa do sexo. Schneider está mais interessado na conturbada vida interior da atriz, na sua incapacidade de lidar com sua imagem pública, na angústia que a levou a viciar-se em barbitúricos e a entrar num processo auto-destrutivo sem volta. De certa forma, o livro sugere que Marilyn procurou na análise uma morte assistida, mas ela e Greeson acabaram se envolvendo numa confusa simbiose emocional e intelectual. Baseado numa pesquisa rigorosa, o autor do livro fundamenta com detalhes reais os vôos de sua imaginação, produzindo no leitor um interessante "efeito de verdade". As aparentemente desordenadas idas e vindas no tempo associam episódios diversos da vida da atriz e uma cronologia freudiana, proporcionando ao leitor acompanhar por dentro o processo analítico e um mergulho abismal na alma de MM.

2 comentários:

  1. Concordo que esse livro é ética profissional zero. Mas deve ser fascinante, para um fã como eu, adentrar a mente da diva.

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  2. Oi Alessandra, eu concordo plenamente contigo!!!

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