terça-feira, 7 de julho de 2009

Cosplay, uma arte a parte


A cultura pop sempre mostrou forte influência na vida de algumas pessoas em suas diversas formas existentes. O apreço demonstrado pelos fãs que consomem esse produto da mídia, está explicitamente representado no cosplay. A palavra tem um significado bem simples; em inglês, costume (traje, fantasia) e play, roleplay (brincadeira, interpretação). Porém a simplicidade para por aí, e o cosplay ganha um "novo" sentido completamente diferente daquela simples tradução.

Cheio de sofisticação, criatividade e desenvoltura, a arte de se fantasiar baseando-se nos mais diversos personagens de quadrinhos, games e desenhos animados japoneses mostram o real significado da palavra cosplay. Para os adeptos dessa prática, não basta apenas se fantasiar e ficarem parecidos com seus personagens favoritos, é preciso ainda interpretá-los, uma forma diferente e divertida de interagir com outras pessoas, trazendo para a realidade um "Mundo" de fantasia e ficção.

Pode parecer estranho e esquisito aos olhares daqueles que nunca se quer tiveram a curiosidade de saber um pouco sobre o cosplay, e partindo desse ponto se colocar em uma posição preconceituosa e de deboche em relação aos cosplayers. Fernando Siqueira é diretor geral do Cosplay Brasil. Além de cosplayer há oito anos, também já trabalhou como organizador e juiz por vários anos. "Existe sim um preconceito em relação aos cosplayers por se tratar de um hobby pouco conhecido e incomum. Mas isso tem diminuido com a popularização e a crescente procura por informações", comenta. Basta frequentar uma vez um desses pontos de encontros para ver que debaixo das fantasias existem pessoas normais do dia a dia que apenas trazem sua imaginação e criatividade para dar um toque de charme a esse hobby, dar vida aos desenhos. Maurício Somenzari foi Campeão Mundial de Cosplay em 2006 e o primeiro brasileiro a ser chamado para atuar como palestrante no exterior. "Gosto muito do palco e de todo aquele ambiente, antes de me apresentar, gosto de preparar tudo. Monto a trilha sonora, efeitos especiais, ensaio, costuro meus próprios trajes além de fazer meus acessórios todos; asas, armaduras, jóias, perucas, espadas. Tudo é feito em casa, com a ajuda do meu pai e irmã", comenta Maurício.

A Origem

Forrest J. Ackerman, e sua amiga Myrtle R. Douglas podem ser considerados os "criadores" do Cosplay. Em 1939 durante a primeira Convenção de Ciência Fictícia do Mundo (World Science Fiction Convention), ou Worldcon, realizada em Nova Iorque, os dois chamaram a atenção de aproximadamente 184 pessoas presentes no evento. Vestido com um rústico traje de piloto espacial, Forrest J. Ackerman, e Myrtle R. Douglas, com um vestido inspirado no romance clássico de H.G. Wells "The Shape of Things to Come" a dupla deixou os resto das pessoas extasiadas e admiradas. O resultado não poderia ser outro, no ano seguinte dezenas de pessoas compareceram ao evento trajados com fantasias ligadas ao mundo da ciência.

O "sucesso" era tanto, que no mesmo ano foi criado o masquerade, um tipo de concursos que permitia aos participantes realizar apresentações criativas para entreter o público, todos fantasiados, é claro. Foi assim, em um desses eventos, que o japonês Nobuyuki Takahashi em 1984 participou da convenção da Worldcon daquele ano e ficou impressionado com toda aquela "bagunça", levando essa nova prática ao seu país. Foi assim que o Japão começou a entrar nessa onda de cosplay, as convenções na terra do sol nascente, contavam com dezenas de fãs fantasiados caracterizados como personagens de animês e mangás, passando a se tornar um verdadeiro fenômeno no país. O sucesso foi tão grande que começaram a surgir lojas, diversas publicações e até profissionais especializados na prática, criando no Japão uma verdadeira indústria de cosplay. A explosão do animê aconteceu na década de 90, e voltou a ganhar força nos Estados Unidos, mas, de uma forma muito mais intensa. O termo foi rapidamente popularizado através de inúmeras convenções que apareciam no país. Com essa "nova" mania reintroduzida nos Estados Unidos, o número de praticantes também passou a ser maior.

A prática do cosplay é bem parecida nos dois país, porém não há como haver completa semelhança entre dois países de culturas diferentes. No Japão, as pessoas baseiam-se nos personagens de televisão, não necessariamente de mangás ou animês, mas em um plano geral, não costumam fazer suas próprias fantasias nem criá-las, procuram ser os mais fieis possíveis aos seu personagem. Os japoneses costumam se reunir em grupos durante as convenções para tirar fotos. Existem competições também, mas de uma forma diferente da realizada nos Estados Unidos. Os norte-americanos continuam seguindo as tradições das primeiras convenções da Worldcon e produzem suas próprias fantasias, criando e inventando algo diferente para apresentar para os demais, abrangem um público de cosplayers que não se limita a sexo ou idade, nas convenções norte-americanas é possível encontrar homens e mulheres de idades variadas.

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